sábado, 17 de agosto de 2013

O Pássaro

Na Europa do século XVIII as esposas deviam ser contidas e submissas e as filhas comportadas e obedientes. Os ricos viviam em castelos pomposos, vestindo e comendo do bom e do melhor. Enquanto seus servos usavam trapos e trabalhavam até cair para conseguir migalhas de seus senhores. É nesse cenário que se desenvolve a história de O Pássaro, de Samanta Holtz.
Caroline Mondevideu é como um pássaro preso numa gaiola de ouro. Um belo canário que tem a melhor alpiste e toda a água fresca que quiser a sua disposição, embora tudo o que realmente quer é se ver livre de sua prisão. Filha do Barão Enézio de Mondevidéu, ela mora em um lindo castelo com o pai, a irmã mais velha e a mãe. Tem os melhores vestidos e mais criados do que realmente precisa e mesmo assim não é feliz.
Quando ainda era uma criança espevitada, ela se aventurou pela propriedade do pai e encontrou o filho de um empregado, que a tratou mal e a fez ver como existia desigualdade naquela sociedade. Ao confrontar o pai com as novas descobertas, ela acaba levando uma surra que a marca por toda a vida e faz perceber o quanto o pai pode ser cruel e autoritário.
Com o tempo, a criança alegre e extrovertida, dá lugar a uma bela adolescente de 17 anos, extremamente determinada, chegando até a ser petulante. Com o passar dos anos, Caroline se familiarizou ainda mais com as diferenças entre as classes sociais e passou a discordar de tudo naquele mundo em que vivia. Ela era contra as regras impostas pela sociedade que ditavam que as mulheres deveriam acatar a tudo que os homens lhes mandavam e que os ricos não poderiam se relacionar com os pobres, mesmo que apenas com cordialidade. Mas o principal era que Caroline queria ser dona do próprio destino. Assim, a cada vez mais, ela quer se ver livre de tudo aquilo.
Eventualmente, ela reencontra aquele empregado, que agora já é adulto. Ele continua com o mesmo jeito insolente (segundo Caroline), mas aos poucos, os dois percebem que podem precisar da ajuda um do outro para alcançar um sonho em comum: alçar voo.
Uma coisa que eu adorei foi a escolha dos nomes. Como eu disse, os protagonistas são Bernardo e Caroline. E aí tem o Filip, que eu associo ao Príncipe Filipe da Bela Adormecida (embora a autora tenha me dito que ela não pensou nisso), pois eles são, basicamente a mesma pessoa, hahaha. Elizabeth, a irmã de Caroline, foi escolhido por ser um nome comum na França, onde a história se passa. Dinamene é a principal criada do castelo e seu nome veio de um poema de Camões, segundo a Samanta. Esse foi o que eu mais gostei! Nunca tinha ouvido falar, mas acho que encaixou tão bem na personagem que parece que foi inventado especialmente pra ela!
Confesso que no começo, o livro não me empolgou tanto. Caroline é uma protagonista envolvente que te conduz por seu mundo. Ela é diferente das meninas de sua época e por isso é reprimida por seu pai, o Barão Enézio Mondevideu. Já li alguns romances históricos e em todos eles as personagens eram diferentes das demais ou queriam se ver livres de sua situação financeira (e Caroline é as duas coisas). Isso me leva a pensar se antigamente era tendência ser rebelde, hahaha. Mas mesmo sendo mais do mesmo, a luta e Caroline é compreensível. Afinal de contas, nada mais justo do que escolher com quem você quer casar.
E por falar em casamento… Esse é um ponto central do livro. O pai de Caroline e eu quer que ela case com Filip, seu melhor amigo desde a infância. Filip é um sonho! Lindo, carinhoso, rico e, principalmente, compreensivo. Ele admira o jeito de Caroline e a ama desde que eram crianças, então é claro que ele quer casar com ela. Mas ela acha que casar significa ficar presa, mesmo que com Filip. E como eu fiquei com pena dele! Apesar de não aparecer tanto quanto eu gostaria, ele foi um dos meus personagens favoritos.
Enquanto Filip me conquistou desde sua primeira aparição, Bernardo não conseguiu meu apreço de imediato. Ele é arrogante, convencido, rude e trata Caroline mal só pelo fato de ser rica. E mesmo assim, ela insiste nele e eles seguem numa jornada de muitas descobertas. Acho que não é spoiler dizer que existe um romance entre eles. Na verdade, é até bem óbvio. Tudo começa de forma lenta e eu fui me envolvendo com a história desses dois, que se deu de forma gradual. Você acompanha como eles se apaixonam, desapaixonam e voltam a se apaixonar de novo e torce pelo amor deles. Então para não estragar as surpresas de quem não leu, vou dar o meu parecer de forma sucinta, ou seja: AI MEU DEUS!!!!!!
Até aí, o livro estava indo bem, mas nada que me deixasse apaixonada. E aí o livro foi acabando e BOOM! Foram tantas surpresas e reviravoltas que eu não sabia mais o que esperar. Teve momentos que eu cheguei a rolar na cama de tão besta que fiquei com o que aconteceu.  E o final, aaaaah, o final! Terminei a leitura sem saber se ria ou chorava, porque foi tudo tão lindo e poético! Tudo que me incomodou no decorrer do livro foi fichinha perto do final, que compensou tudo. Então quando virei a última página, eu já queria voltar a primeira e ler tudo de novo, pois sabendo o que acontece, eu posso dar mais valor aos pequenos detalhes. Por fim, O Pássaro conseguiu me ganhar e é um livro que eu recomendo!
A capa, como vocês podem perceber pela foto acima, é LIN-DA. Fico feliz de ter um livro tão bonito na minha estante. As páginas não são amarelas e nem exatamente brancas, o que facilita a leitura (visto que página branca reflete a luz etc etc). Encontrei poucos erros de revisão que podem ser facilmente corrigidos numa próxima edição. O livro tá quase impecável, leiam!
E pra encerrar essa resenha, queria fazer uma menção honrosa a Samanta Holtz, uma jovem escritora brasileira que, assim como Caroline e Bernardo, foi atrás de seu sonho. Ela é super receptiva e acessível. Prova disso é que eu conversei com ela pelo Skoob e ela foi muito atenciosa comigo. O próximo livro dela, Quero Ser Beth Levitt, deve ser lançado em breve e eu, com certeza, vou ler. Beijos, Sam!
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