Em algum lugar do sistema solar
existem dois mundos entrelaçados: Up Top e Down Under. Um está localizado
exatamente em cima do outro e eles são unidos por uma estranha simetria. Cada
um desses mundos tem sua própria gravidade, o que torna quase impossível que
alguém de um desses mundos vá para o outro e vice-versa (por motivos de pessoas
flutuando por aí, é claro). Além disso, o governo proíbe o contato entre as
pessoas desses mundos.
"No nosso mundo podemos cair pra baixo e subir pra cima" I LIVE |
Tudo isso faz com que a situação
socioeconômica em que ambos os mundos estão inseridos se perpetue: enquanto Up
Top é um mundo rico e desenvolvido, Down Under é miserável e explorado por Up
Top. É nesse contexto que conhecemos Adam, um garoto órfão que mora em Down
Under. Sempre que ele vai visitar sua tia, a última parente viva, ela pede que
ele vá atrás de uma substância produzida pelas abelhas, que viajam pelos dois
mundos. É numa dessas idas que ele conhece Eden.
Eden é uma menina normal de Up
Top que mora nas montanhas. Num belo dia, ao procurar por seu cachorro fujão,
ela se depara com Adam, no mundo abaixo ao seu. Ambos estão em montanhas muito
altas, o que faz com que os mundos quase se toquem. Daí surge uma amizade, que
logo se transforma em um romance. Mas é claro que por serem de mundos
diferentes, eles acabam sendo separados. Os anos passam e Adam nunca esquece
Eden, mesmo sem saber o que aconteceu com ela. Mas quando ele finalmente a vê
na televisão, nada vai ficar em seu caminho até ela.
!!!!!!!!!!!!!!!!! |
Em tempos de revivals, remakes,
10240382039 filmes de super heróis e afins, Upside Down é uma lufada de ar puro (ok, o filme é de 2012, mas
eu só vi agora, mim deixem). É muito bom ver uma história tão original em
meio a esse tédio em que o cinema vem se transformando ultimamente... Porque
gente: UM MUNDO EM CIMA DO OUTRO!!!!! Não consigo nem expressar o que eu sinto
por essa ideia!!!!!! Caso não tenha ficado claro, é como se acima do céu e das
nuvens existisse outro mundo: nesse caso, o céu não é o limite. Você olha pra
cima e vê pessoas andando de cabeça pra baixo. I can’t even!!!!!!!
E isso tudo só foi possível
porque os efeitos especiais são in-crí-ve-is. Você realmente consegue acreditar
que aquilo ali existe. O filme como um todo é visualmente deslumbrante: a
fotografia é absolutamente divina e a cenografia e direção de arte são caprichadíssimas.Tudo
pra tornar a coisa toda o mais crível possível. Eu ficava impressionada com as
cenas panorâmicas que mostravam as paisagens, em que os dois mundos quase se
tocavam, porque parecia que aquilo existia mesmo.
prettyyyyyyyyyy |
A princípio é um pouco difícil
entender o que está acontecendo porque Juan Solanas, diretor e roteirista do
filme, além de criar mundos completamente diferentes do nosso, ainda criou
regras específicas para eles. Então pega tudo que Einstein descobriu e joga
numa caixinha porque você não vai precisar disso aqui. Uma pessoa do mundo de
cima, por exemplo, jamais poderia se mudar para o mundo debaixo, porque ela
seria constantemente atraída para o mundo de cima novamente. E quando ela
conseguisse se segurar em alguma coisa no mundo de baixo, ela ficaria flutuando
por aí, sem nunca tocar o chão. How cool is that?!
Mas, nem tudo são flores...
Embora a ideia seja genial e o visual seja estonteante, o filme se perde um
pouco naquilo que é justamente seu foco: o romance. Desde o princípio, Adam (o
narrador da história), deixa claro que esta é uma história de amor. Infelizmente,
isso é levado às últimas consequências, de modo que muita coisa fica mal
explicada em detrimento do romance dos dois.
he said she said |
Os mundos criados por Juan são
extremamente complexos: existe exploração, divisão de classes, preconceitos,
segredos e tudo o que forma uma boa história distópica. Mas tudo isso é jogado
pra escanteio só pra contar mais uma história de amor shakesperiana. Muita
coisa interessante, como o domínio da Transworld (empresa de Up Top que forma a
única ponte entre os dois mundos) e o acidente que matou os pais de Adam, por
exemplo, é deixada de lado. Além disso, muitas coisas acontecem de forma
abrupta e sem nos dar nenhuma explicação em troca e o roteiro parece se perder dentro de sua própria complexidade, quebrando algumas regras que nos são apresentadas desde o início. Caso esses problemas fossem
sanados, teríamos um filme ainda melhor e mais genial do que ele é.
Mas ainda assim, preciso ser
justa: o amor de Adam e Eden é realmente comovente. Eu tenho uma GRANDE queda
por amores de infância e amores esquecidos (alô alô Love Hina), e esse caso
reúne esses dois tropes, o que acabou me chamando mais atenção do que toda a
história de amor proibido etc e tal. É uma história bonita e o filme faz com
que você se importe com esses personagens e torça por eles. Inclusive precisamos reconhecer a habilidade de beijar homens de cabeça pra baixo que menina Kirsten Dunst tem.
Kirsten Dunst: beijando caras em posições desconfortáveis since 2002 |
Upside Down cumpre muito mais do que apenas o seu papel de história de amor. Tem romance, aventura, mistério, ciência e tudo que há de bom. E o elemento x fica por conta dessa ideia genial de mundos opostos, diferente de tudo que eu já vi no cinema (e olha que eu já vi bastante coisa...). É, parece que não se fazem mais filmes como em 2012, não é mesmo?
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