sábado, 26 de março de 2016

Divagações de uma fã de espionagem



Ou ainda: Uma resenha pouquíssimo imparcial de The Man From U.N.C.L.E

Gaby Teller é uma mecânica (!) alemã, filha de um brilhante cientista acusado de ter colaborado com Hitler. Agora, o pai dela desapareceu e parece ter caído nas mãos de uma organização criminosa que planeja usá-lo para construir uma bomba nuclear. Gaby parece ser a única chave para descobrir o paradeiro de seu pai e salvar o mundo. Para resolver esse pepino, dois agentes secretos são escalados: Napoleon Solo, um ladrão de arte (meu tipo) forçado a trabalhar para a CIA para não ser preso e Ilya Kuryakin, um agente soviético com problemas de controle de raiva. Tudo isso em meio à Guerra Fria!

E, pra mim, é daí que vem um dos pontos mais interessantes: ambos são forçados por seus superiores a trabalhar em conjunto para encontrar o pai de Gaby e impedir a construção da bomba. Eu, normalmente, não tenho muita paciência para filmes passados nesse período porque costumam ser um prato cheio para o patriotismo exacerbado dos americanos, de modo que eles sempre tentam mostrar o quanto os EUA são maravilhosos, melhor país do mundo etc. Mas isso não acontece em The Man From U.N.C.L.E.

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mecânica e piloto de fuga <3
Aqui, Guy Richie (diretor e co-roteirista do filme) não toma partido de nenhum dos lados, tentando realmente fazer um filme sobre a colaboração entre as duas maiores potências mundiais da época. Claro que tanto Solo quanto Ilya não ficam muito satisfeitos com a resolução de seus respectivos chefes, mas ordens são ordens né. Então eles colaboram, mesmo que de má vontade, o que gera os momentos mais divertidos do filme. Porque, embora eles queiram entregar a missão da melhor maneira, um quer mostrar ao outro do que é capaz e como seu país é o melhor. Novamente, friso que o filme não favorece nenhum dos dois, mas em se tratando de Guerra Fria é inevitável tocar nesse ponto. Mas o que me agrada é a ironia com que foi feito. Parece que Guy Richie está tirando sarro de tantos outros filmes que trataram dessa temática do jeito mais convencional.

E claro, não podemos esquecer a química entre os dois protagonistas, Solo e Ilya. Shipo muito.

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que ship
Mas, pra mim, o ponto alto realmente é o figurino. Gaby desfila minissaias à la Mary Quant (a suposta inventora da peça), vestidos em A, óculos redondos com armações coloridas e joias extravagantes. Sem contar os penteados que seguem a linha colmeia de abelha (amo/sou). E a vilã é um show a parte. Saias e vestidos longos, pantalonas amplas, capas e tudo mais em preto e branco. Realmente preto e branco: muitas vezes metade da roupa é preta e a outra é branca, tendência nos anos 60. E a maquiagem... Não tenho nem palavras... *suspiros*

Os homens também não decepcionam e o figurino contribui para acentuar a imagem de lados opostos dos dois: enquanto Solo usa os ternos mais bem cortados e elegantes do mundo, combinados a um penteado impecável com direito a muito gel, Ilya parece muito mais sóbrio, estando na maior parte do tempo com calças simples, jaqueta, boina e golas rulê, muitas golas rulê. A dualidade da caracterização dos dois torna claro, para mim, o quão importante é o figurino para a construção de personagens e a entrega da premissa de uma obra para o público. 

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Aliando tudo isso aos cenários idílicos da Itália, temos um filme visualmente deslumbrante. Ele passeia por clichês dos filmes e histórias de espionagem, principalmente as dos anos 60 (o filme é, inclusive, baseado em uma série de TV muito popular nessa década), como por exemplo, cenas em barcos e helicópteros, a vilã tão linda quanto perigosa, perseguições automobilísticas e, é claro, os apetrechos típicos dos espiões, como escutas, rastreadores e afins. 

Ok, mas agora falando a verdade: eu amo espionagem. Tenho apenas Ally Carter a culpar (um dia conto pra vocês) e agradeço muito a ela por ter me levado por esse caminho. Eu li muitas críticas negativas sobre esse filme, o que pra mim é absurdo porque O FILME É MUITO BOM. Eu acho que as pessoas não entenderam do que se tratava o filme (sim, vou ser esnobe mesmo porque this is my baby and I must protect it at all costs). Não é pra ser nenhum James Bond nem Missão Impossível. Porque, pasme: é pra ser um filme de comédia!!!! É pra tirar sarro dos ~bons filmes de espiões~ etc. E isso, senhores, é exatamente o que ele entrega. Então, por favor, vamos parar de querer julgar lebre por coelho porque isso não vai levar a lugar algum.

No fim, The Man From U.N.C.L.E. me pareceu ser mais uma homenagem não só à série pela qual foi inspirado, mas também à toda a febre de espionagem surgida na década de 60. E, olha, que homenagem...

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my babies









Alguns links interessantes

A resenha mais positiva que consegui encontrar (imparcialidade não é o forte deste blog): http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/393436/o-agente-da-uncle-2015-sofisticacao-e-pancadaria-em-uma-charmosa-aventura/


sábado, 19 de março de 2016

Desafios para 2016



Esse ano tive meu ânimo renovado por finalmente ter conseguido cumprir minha maratona do Oscar, como já contei pra vocês. Pensando nisso, resolvi aceitar novos desafios e acabar com minha vida social de vez. Vim aqui compartilhar com vocês as loucuras que eu me propus a fazer e, talvez, puxar alguém pra esse barco também, nunca se sabe...


366 filmes em 366 dias
últimos filmes vistos até o fechamento dessa edição

Esse desafio foi criado ano passado por Doug Benson, um cara que faz podcast, e como diz o nome, consiste em assistir 366 filmes no ano (como esse ano é bissexto são 366, ano passado foram 365). Eu sei que o nome diz 366 dias, mas até parece que eu vou ver um filme por dia né? Ás vezes vejo uns três num dia só, ás vezes fico dias sem ver nada e assim sigo, vivendo perigosamente.

Eu resolvi aceitar esse desafio porque sempre fui uma cinéfila convicta, mas desde que entrei pra faculdade, passei a assistir menos e menos filmes. Como já comecei esse ano assistindo um monte de filme por conta do Oscar, pensei por que não? Eu não preciso de vida social mesmo, só preciso ver uns filmes. risos 

Claro e evidente que não estou colocando na ponta do lápis quantos filmes assisto, afinal, ain’t nobody got time for that. Pra isso estou usando um site chamado Letterboxd, que é como se fosse o nosso Filmow, só que tem uma opção de contar quantos filmes você assistiu no ano. Me segue lá!


52 films by women
Frida!

Esse desafio foi criado como meio de incentivar as pessoas a assistirem mais filmes feitos por mulheres e, consequentemente, incentivar a produção dos mesmos. Eu parei pra pensar e me perguntei quantos filmes feitos por mulheres eu já vi? E quantas diretoras mulheres eu conheço? A resposta para ambas as perguntas é um número bem baixo. Isso foi o suficiente pra que eu aceitasse a proposta.

O desafio consiste em assistir pelo menos um filme feito por uma mulher a cada semana do ano, totalizando 52. Mas, seguindo meus padrões de não seguir padrões, eu estou deixando a vida me levar e assistindo de qualquer jeito. Já cheguei a assistir uns três na mesma semana, hehehe. Acho que o importante é ver o máximo possível, sabe? Aliás, eu não quero ver apenas 52 filmes, quero mais é exceder essa meta! Só espero que sobrem alguns pros próximos anos...

Esses eu estou catalogando no bom e velho Filmow, mesmo porque acredito no apoio aos sites nacionais (também sou #teamskoob), onde fiz uma lista com os filmes que já assisti e os que pretendo assistir ainda. Então, se alguém aí souber de um filme que eu possa gostar e seja fácil de achar, ou que ainda vai estrear esse ano, por favor, me fala! Vou adorar receber sugestões. A minha lista você confere aqui.

Esse projeto tem um site dedicado a ele e, se você aceitar o desafio, pode preencher uma fichinha lá sinalizando o seu comprometimento. Acho legal fazer isso pra mostrar pro mundo que nós queremos ver esses filmes e que vale a pena investir nesse tipo de produção! Pra se inscrever é só clicar aqui.

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Além dos desafios cinematográficos, ainda tenho a tradicional meta de leitura do Skoob (me segue lá!) e os projetos das seasons do Banco de Séries (olha eu aí), nos quais sempre tento ganhar pelo menos uma medalhinha de bronze. Ufa, quanta coisa!

E aí, em quais projetos e desafios vocês se envolveram esse ano?


sexta-feira, 11 de março de 2016

Outlander

Na semana do Dia Internacional da Mulher, não poderia deixar de falar sobre uma mulher fantástica da cultura pop. Para quem não conhece, eu apresento uma das mulheres mais fortes e corajosas da televisão: Claire Randall.

para quem ainda não viu:

A série Outlander conta a vida de Claire, uma enfermeira inglesa que trabalhou na Segunda Guerra Mundial e junto com o seu marido Frank, após o fim da guerra, viajam para Inverness na Escócia. Frank sempre foi interessado por sua árvore genealógica e descobriu que um dos seus ancestrais, Jonathan Randall, tinha vivido naquele lugar. Até aí tudo bem, estava achando a série legal, achando que ia contar sobre a história do casal com todo o clima de fim da guerra, mas aí... Claire sobe as colinas de Craigh na Dun e ao tocar nas pedras é transportada para a Escócia em 1743! Na maior tensão da eminente guerra civil entre Inglaterra e Escócia!

E a primeira pessoa que ela encontra é Jonathan Randall, conhecido como Black Jack, e é a cara do seu marido! Sério, fiquei tão atordoada quanto Claire ao perceber que ele não era nem um pouco gentil e amoroso como Frank. E tudo isso acontece no primeiro episódio! Acolhida pela família Mackenzie, pela suspeita de ser uma espiã inglesa, ela conhece o escocês Jamie Fraser suspiro. Assim, Claire planeja retornar às colinas para voltar ao seu tempo e para seu marido.

pior pessoa

A série, baseada na série de livros da Diana Gabaldon, é fantástica no sentido de ambientação, cenário, figurino, trilha sonora, atuação, etc. O trio principal arrasa em todos os episódios, com destaque para Tobias Menzies, que interpreta dois personagens totalmente diferentes. Mas o mais interessante é o contraste da mulher do tempo de Claire para a da Escócia do século XVIII. Além de ser realista: nos mostra como era viver naquela época sem nos poupar. Claire já pode ser considerada uma mulher a frente do seu tempo no século XX, imagina ao viajar no tempo! A ambientação é ótima e não consigo culpar Jamie por algumas atitudes, afinal é a sociedade que ele vive, mas o legal é ver a reação da Claire diante disso. Ah, e a conexão de Jamie e Claire não é feita em um piscar de olhos, afinal ela é casada, mas é legal ver como isso se desenrola e o debate que ela tem consigo mesma, mesmo estando em uma época totalmente diferente e seu marido não estava nem perto de nascer. E ainda tem o suspense de como funcionou a viagem do tempo, se ela vai conseguir voltar e se aconteceu com mais alguém.

Mas não pense que a série é fácil de assistir! Os episódios retratam a dura realidade da época e o machismo é mostrado em todos os episódios e com o mais comum da época, a violência sexual. Não pense que os mocinhos da série não sofrem, isso é o que mais acontece!  A violência física é abordada também e tem uma cena de tortura que é agonizante de assistir. E as “regras” da sociedade chegam a ser irritantes, mas aprendemos com a visão da Claire sobre a cultura do lugar.  E sobre história também né, afinal pouco sei sobre a guerra entre Inglaterra e Escócia.

Outlander é de Claire. Ela é dona da série e dos nossos corações (apesar do ruivo escocês ao lado dela), apontando os absurdos da época e sem pensar nas consequências dos seus atos ao defender o seu lado e não está se importando com o que as pessoas estão pensando sobre ela em 1743. Que apesar dos perigos que enfrenta todo dia nesse novo lugar desconhecido, não deixa de pensar no seu marido e corre atrás do seu objetivo. Ah, além de viver em perigo pelo simples fato de ser mulher, ela ainda sofre com o fato de saber sobre ervas e tratamentos, sendo acusada de bruxa. A série é feminista e é lindo de ver a personalidade dessa personagem. Deixo um coração para Geillis Duncan, uma das melhores personagens da série <3.

<3

Mas não é somente para o público feminino! Tem nudes masculinas e femininas, para todos os gostos! Hahaha. E o romance. Claire e Jamie. Caitrona Balfe e Sam Heughan. A química entre os dois. O sexy sem ser vulgar. Não é fácil de assistir amigos, a tensão sexual é tão grande que você fica constrangido! E tem cenas +18, eu garanto. (agradeço a todos pelo episódio sete)



Eu amei todos os episódios dessa série, o clima, o casal principal, tudo! Recomendo para todos e já pedi para vários amigos verem para que eu tenha alguém com quem comentar (pfvr Mariana nunca te pedi nada). Porém já aviso, os dois últimos episódios são difíceis. É muita sofrência! Que construção da história para chegar naquele acontecimento! E que vilão mais desgraçado de todos! Palmas para a  autora e a série por não terem poupado os personagens (e atores) e por nos fazerem sofrer com aquilo, afinal é importante para mostrar um aspecto pouco abordado na cultura pop. Assista tudo que você vai entender!

ainda estou abalada

A série teve 16 episódios na primeira temporada e volta para a segunda em abril.Queria falar mais sobre ela, mas estou com medo de soltar algum spoiler, comentar sobre as cenas do último episódio...  Assiste, gente, vamos comentar juntos!

pls