sábado, 22 de abril de 2017

É aqui que falam de beiseball?

Ginny Baker é uma garota comum... A não ser o fato de ser a primeira mulher contratada por uma grande liga de beiseball. Pitch vai acompanhar a entrada dela para a equipe do San Diego Padres, bem como a jornada que a levou até ali. 
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uma rainha dessas, bicho
Ginny começou a treinar em casa quando era bem pequena. Ex-jogador de baseball, o pai queria que o filho, irmão de Ginny, seguisse seus passos, mas ele não estava muito interessado. Mas, para sua surpresa, Ginny estava e ainda tinha um talento surpreendente para o esporte. Assim, ele começou a treiná-la por conta própria e logo conseguiu colocá-la em um time.  

Ginny se torna tão boa que é convidada a participar da liga principal de baseball, algo como a série A do futebol (aquelas que não entendem nada de baseball e tem que ficar se baseando em fut), convite que ela aceita, é claro. A entrada dela no Padres é um escândalo midiático. Todos querem vê-la, tirar fotos, conseguir entrevistas etc. E é, claro, em se tratando da mídia machista que temos, principalmente a voltada para o esporte, eles mal perdem por esperar o primeiro deslize dela. Mas, felizmente, para isso ela tem a ajuda de sua agente, uma mulher que não vai medir esforços para torná-la a maior jogadora de baseball de todos os tempos (mesmo sem nunca ter assistido um jogo na vida, eu mesma), e também alavancar sua própria carreira no processo. 

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militei
Até aí tudo bem, era de se esperar ? Mas o que acaba realmente mexendo com Ginny é a resposta do público. Ela vira a inspiração para todas as garotinhas dos EUA que agora sabem que sim, é possível vencer num esporte até então totalmente masculino. A gente vive falando que representatividade importa (e importa sim, é claro), mas nem sempre pensamos no que as pessoas que carregam essa representatividade nas costas têm que enfrentar. Em Pith, acompanhamos esse e tantos outros dramas de Ginny para além do esporte e, para mim, esse é um dos maiores méritos da série. 

Ao longo dos episódios, vamos descobrindo mais sobre ela, por meio de flashbacks que nos contam como ela chegou até ali, além de acompanhar seu presente e tudo pelo que ela passa. A pressão da mídia, dos companheiros de time, que em sua maioria não estão nem um pouco felizes com a entrada de uma mulher na equipe, do técnico que a quer no banco e, de preferência, fora do time, além de toda a responsabilidade de ser um exemplo para criancinhas por aí. Ginny não foge da responsabilidade e é uma personagem MARAVILHOSA: forte, determinada e dedicada, mas ainda assim HUMANA, uma pessoa que comete erros como qualquer outra. O interessante é vê-la no spotlight, apanhando de todos os lados, mas sempre dando a melhor face, de cabeça erguida. Fica impossível não torcer por ela. Força, miga, força! <3

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samba mais que tá pouco

E vocês querem notícia boa? Eu não entendo um pingo de baseball e amando. Se você é que nem eu, pode ver sem medo! Vai que até o final da temporada a gente aprende alguma coisa (mesmo assim, já quero a brusinha do time com nome da Ginny #prioridades). A série ainda não foi renovada, mas essa primeira temporada é curtinha e é uma delíciaaaa, vale a pena!



quinta-feira, 6 de abril de 2017

Lilibeth na biblioteca



Confesso que depois que assisti The Crown (série da Netflix) passei a me sentir a própria amiga pessoal da Rainha Elizabeth. Lilibeth, para os íntimos. Por isso, lembrei que tinha um livrinho sobre ela esquecido em algum canto da estante e resolvi dar uma chance. Foi assim que me apaixonei por Uma Real Leitora.

Aqui, Lilibeth já é a Rainha que todos conhecemos e respeitamos, com décadas de trono no currículo. De The Crown pra cá muitas coisas mudaram, menos seu amor por Corgis. Um belo dia, seus amados catiorrinhos não param de latir e, indo ver do que se trata, ela se depara com um furgão estacionado nas dependências do Palácio de Buckingham. É a Biblioteca Itinerante de Westminster, que para ali toda semana, sem atrair muito público. Pedindo desculpas pelo estardalhaço dos bichos, a Rainha se vê praticamente obrigada a dar uma chance ao projeto e, mesmo sem nunca ter dado muita bola (ou ter tido muito tempo disponível) pra leitura, sai dali carregando um livro, que acaba nem lendo. Mas ao ir devolvê-lo, ela se vê pegando outro e quando se depara com um momento de tédio entre um dever e outro, ela começa a ler.

Logo, a Rainha se torna uma leitora voraz, navegando por autores e livros cada vez mais complexos, pois, como ela mesma diz "a leitura era, entre outras coisas, um músculo e um músculo que aparentemente era preciso exercitar". Algo que passa a incomodar a criadagem (infelizmente ainda estou vivendo na década de 1950), pois ela começa a negligenciar alguns de seus deveres e compromissos em detrimento da leitura. Os hábitos literários da Rainha se tornam praticamente incidentes de Estado e os mais próximos fazem de tudo para desviá-la, sempre falhando na missão. Mal sabiam eles que a leitura, que eles tanto odiaram, levariam Vossa Majestade a algo ainda pior...

O final do livro foi uma grata surpresa. Ele veio sendo construído aos poucos e era até previsível, mas no último segundo, Alan Bennett jogou um plot twist na nossa cara e eu fechei o livro satisfeita (e secretamente torcendo para que aquilo acontecesse na vida real também). Aliás, toda a leitura é extremamente prazerosa, visto que a escrita de Alan é irreverente e em muitos momentos faz uma pequena sátira à realeza. O mais interessante, porém, é ver como todas essas pessoas cultas e nobres não leem tanto quanto nós, reles mortais (pelo menos no livro) e tem verdadeira abominação ao hábito da leitura.

Além disso, é bonito ver como nunca é tarde para fazer aquilo de que se gosta ou começar algo novo. Aqui, a Rainha beira seus 80 anos e é só então que descobre uma nova paixão e se dedica a ela (ou que faz alguma coisa que ela realmente quer desde que assumiu a coroa...........), tendo sua vida transformada. Mesmo tendo vivido tanto e visto tantas coisas, novos mundos se abrem à sua frente e, por ler tanto sobre os sentimentos e angústias de outras pessoas, a Rainha consegue se colocar no lugar do outro, se tornando cada vez mais atenciosa para com os demais.

Terminei a leitura grata por reencontrar minha amiga Lilibeth e ainda mais ansiosa pela segunda temporada de The Crown (caso alguém não tenha pego a indireta: ASSISTAM THE CROWN). Apesar de ser tudo muito engraçado e divertido, o livro traz uma bela mensagem: sempre há tempo para aprender alguma coisa, não é mesmo? Se a Rainha Elizabeth II conseguiu, nós também conseguiremos.