Ou ainda: Uma resenha pouquíssimo imparcial de The Man From U.N.C.L.E
Gaby Teller é uma mecânica (!) alemã,
filha de um brilhante cientista acusado de ter colaborado com Hitler. Agora, o
pai dela desapareceu e parece ter caído nas mãos de uma organização criminosa
que planeja usá-lo para construir uma bomba nuclear. Gaby parece ser a única
chave para descobrir o paradeiro de seu pai e salvar o mundo. Para resolver
esse pepino, dois agentes secretos são escalados: Napoleon Solo, um ladrão de
arte (meu tipo) forçado a trabalhar para a CIA para não ser preso e Ilya
Kuryakin, um agente soviético com problemas de controle de raiva. Tudo isso em
meio à Guerra Fria!
E, pra mim, é daí que vem um dos
pontos mais interessantes: ambos são forçados por seus superiores a trabalhar
em conjunto para encontrar o pai de Gaby e impedir a construção da bomba. Eu,
normalmente, não tenho muita paciência para filmes passados nesse período
porque costumam ser um prato cheio para o patriotismo exacerbado dos
americanos, de modo que eles sempre tentam mostrar o quanto os EUA são
maravilhosos, melhor país do mundo etc. Mas isso não acontece em The Man From U.N.C.L.E.
mecânica e piloto de fuga <3 |
Aqui, Guy Richie (diretor e
co-roteirista do filme) não toma partido de nenhum dos lados, tentando
realmente fazer um filme sobre a colaboração entre as duas maiores potências
mundiais da época. Claro que tanto Solo quanto Ilya não ficam muito satisfeitos
com a resolução de seus respectivos chefes, mas ordens são ordens né. Então
eles colaboram, mesmo que de má vontade, o que gera os momentos mais divertidos
do filme. Porque, embora eles queiram entregar a missão da melhor maneira, um
quer mostrar ao outro do que é capaz e como seu país é o melhor. Novamente,
friso que o filme não favorece nenhum dos dois, mas em se tratando de Guerra
Fria é inevitável tocar nesse ponto. Mas o que me agrada é a ironia com que foi
feito. Parece que Guy Richie está tirando sarro de tantos outros filmes que
trataram dessa temática do jeito mais convencional.
E claro, não podemos esquecer a
química entre os dois protagonistas, Solo e Ilya. Shipo muito.
que ship |
Mas, pra mim, o ponto alto
realmente é o figurino. Gaby desfila minissaias à la Mary Quant (a suposta
inventora da peça), vestidos em A, óculos redondos com armações coloridas e
joias extravagantes. Sem contar os penteados que seguem a linha colmeia de
abelha (amo/sou). E a vilã é um show a parte. Saias e vestidos longos,
pantalonas amplas, capas e tudo mais em preto e branco. Realmente preto e
branco: muitas vezes metade da roupa é preta e a outra é branca, tendência nos
anos 60. E a maquiagem... Não tenho nem palavras... *suspiros*
Os homens também não decepcionam
e o figurino contribui para acentuar a imagem de lados opostos dos dois:
enquanto Solo usa os ternos mais bem cortados e elegantes do mundo, combinados
a um penteado impecável com direito a muito gel, Ilya parece muito mais sóbrio,
estando na maior parte do tempo com calças simples, jaqueta, boina e golas
rulê, muitas golas rulê. A dualidade da caracterização dos dois torna claro,
para mim, o quão importante é o figurino para a construção de personagens e a
entrega da premissa de uma obra para o público.
Aliando tudo isso aos cenários
idílicos da Itália, temos um filme visualmente deslumbrante. Ele passeia por
clichês dos filmes e histórias de espionagem, principalmente as dos anos 60 (o
filme é, inclusive, baseado em uma série de TV muito popular nessa década),
como por exemplo, cenas em barcos e helicópteros, a vilã tão linda quanto
perigosa, perseguições automobilísticas e, é claro, os apetrechos típicos dos espiões,
como escutas, rastreadores e afins.
Ok, mas agora falando a verdade:
eu amo espionagem. Tenho apenas Ally Carter a culpar (um dia conto pra vocês) e
agradeço muito a ela por ter me levado por esse caminho. Eu li muitas críticas
negativas sobre esse filme, o que pra mim é absurdo porque O FILME É MUITO BOM.
Eu acho que as pessoas não entenderam do que se tratava o filme (sim, vou ser
esnobe mesmo porque this is my baby and I must protect it at all costs). Não é
pra ser nenhum James Bond nem Missão Impossível. Porque, pasme: é pra ser um
filme de comédia!!!! É pra tirar sarro dos ~bons filmes de espiões~ etc. E
isso, senhores, é exatamente o que ele entrega. Então, por favor, vamos parar
de querer julgar lebre por coelho porque isso não vai levar a lugar algum.
No fim, The Man From U.N.C.L.E. me pareceu ser mais uma homenagem não só à
série pela qual foi inspirado, mas também à toda a febre de espionagem surgida
na década de 60. E, olha, que homenagem...
my babies |
Alguns links
interessantes
O figurino, as locações e os
veículos do filme (em inglês): http://www.bloomberg.com/news/articles/2015-08-15/the-man-from-u-n-c-l-e-the-clothes-the-cars-and-locations-explained
As referências no figurino do
filme (em inglês): http://nypost.com/2015/08/14/these-costumes-are-the-only-good-part-of-man-from-u-n-c-l-e/
A resenha mais positiva que
consegui encontrar (imparcialidade não é o forte deste blog): http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/393436/o-agente-da-uncle-2015-sofisticacao-e-pancadaria-em-uma-charmosa-aventura/
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