quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Quantas calorias cabem numa revista de moda?


Livros são momentos. Depois de ler dois livros péssimos (um atrás do outro), eu precisava de algo leve, mas ainda interessante, para restaurar minha fé na humanidade e na literatura. Talvez tenha sido por isso que gostei tanto de A Modelo do Ano. Foi o momento certo de ler esse livro.

A história começa de trás pra frente, quando somos apresentados à Mac Croft, uma supermodelo que, recentemente, foi capa da Sports Illustrated, revista famosa que é um trunfo para a carreira de qualquer uma e que, basicamente, atesta que você tem um dos melhores corpos da indústria. Encontramos Mac no aeroporto, quando está prestes a embarcar na primeira classe (a convite de Calvin Klein) e é reconhecida por uma fã, que também quer ser modelo e se espelha nela. Mac responde às perguntas deslumbradas da garota, ao mesmo tempo em que pensa consigo mesma o quanto ela trabalhou para chegar até ali. E é aí que tudo começa.

Oito meses atrás, Melody Ann Croft é uma garota que acabou de terminar o colegial e trabalha como garçonete em sua pequena cidade para juntar algum dinheiro, caso a bolsa que ganhou para a Universidade da Pensilvânia acabe não acontecendo. Melody sempre foi atlética, tendo participado de torneios de tênis e sendo capaz de acabar com seus irmãos no basquete, mas o que ela realmente quer é ser uma médica ou nutricionista da área dos esportes. Até que num belo dia (ou melhor, noite), ela acaba atendendo um cliente excêntrico, que fica encantado por ela. Melody tenta despistá-lo, achando-o até um tanto inconveniente, mas tudo fica explicado quando ele se revela como um famoso fotógrafo do mundo da moda que a acha perfeita para ser modelo. Assim, ele lhe entrega alguns cartões de agências de modelo e praticamente suplica para que entre em contato com elas, podendo dizer até mesmo que foi mandada por ele.

Mas Melody é uma menina centrada e está determinada a cursar a faculdade que tanto sonha. Ela reluta um pouco, mas analisando pelo lado financeiro, até que seria bom ganhar mais algum dinheiro para custear seus estudos, não é mesmo? Logo, ela marca algumas entrevistas e vai para Nova York atrás delas. Para sua surpresa, ela é aceita logo de cara na primeira agência em que entra e em questão de dias já está indo a seu primeiro go-see. Porém, Melody sempre foi uma esportista, então nem um go-see ela sabe o que é! (é o que equivalente a audição dos atores, as modelos vão no set das fotos para ver se vão servir para aquele ensaio) Mas, chegando lá, ela acaba sendo aceita mais por falta de opção mesmo... e tem que fotografar ali mesmo. Por sorte, uma das modelos acaba se tornando sua aliada, dando dicas e toques sobre o trabalho. Aos 19 anos, Jade Bishop tem 15 de carreira, visto que foi modelo infantil e nunca mais parou (na minha cabeça ela é a Gigi Hadid e Melody é a Bella Hadid, que inclusive foi eleita a modelo do ano de 2016 #gossipgirl). E assim começa a carreira de Melody Ann Croft.

O interessante do livro é vermos o desenvolvimento de Melody e sua carreira e como ela, enfim, se torna Mac, a modelo do ano. Ela começa como uma menina ingênua que só está ali para ganhar uns trocados, mas com o tempo e a experiência, ela vai percebendo como aquele meio é fabuloso, mas ao mesmo tempo cruel. As coisas levam seu tempo pra acontecer, ela não de adapta de cara, não ama a profissão de cara. Tudo é muito natural. E nós simpatizamos com ela.

Mac é uma menina muito correta e muito centrada, determinada a se manter nos eixos e lutar por seu futuro. Nós torcemos pra que ela consiga os trabalhos, nos preocupamos com ela quando se mete em enrrascadas e sofremos com ela quando a indústria da moda se mostra menos florida do que os vestidos de primavera de Dolce & Gabanna. Claro que, ás vezes, ela deixa a desejar um pouco e eu me vi sacudindo o livro em alguns momentos pra ver se ela acordava, mas só porque me importo demais com ela #bffs. Ela contrasta muito com as outras modelos apresentadas e, principalmente com Jade, que acaba se tornando sua melhor amiga.

Jade é inconsequente, volátil, um tantinho invejosa e, infelizmente: ela é um perigo para si mesma. Mac faz o que pode para ajudar a amiga, mas como salvar alguém que não quer ser salva? A amizade delas foi, inclusive, uma das melhores partes do livro. Conforme a carreira de Mac vai avançando, ela precisa passar mais e mais tempo em Nova York e acaba buscando refúgio na casa de Jade, que mora praticamente sozinha. Vemos as duas em momentos de trabalho, mas também nas pausas para chá gelado entre um ensaio e outro, nas festas depois da Fashion Week, nas viagens a trabalho etc. É bonito de ver como cada uma é leal à outra, de seu próprio jeito, e como a amizade delas vai evoluindo, a ponto de ambas serem o que a outra tem de mais real nessa indústria louca.

Como disse anteriormente, eu precisava de uma leitura leve e, até certo ponto, A Modelo do Ano foi assim. Porém, quando o livro vai chegando em sua reta final, as coisas vão ficando mais tensas, mas foi algo tão bem construído pela narrativa, que eu não liguei. Pelo contrário, só queria devorar logo o restante pra saber no que aquilo ia dar. Devo dizer que fiquei um pouquinho decepcionada porque achei a resolução das coisas meio apressada e sem propósito. Fiquei com a impressão de que teriam cortado a autora, porque do jeito que ia, ainda dava pra elaborar mais a história e sem perder a graça. Acabou que a história ficou meio em aberto, porque juntando o final com o prólogo do começo, parece que Mac estalou os dedos e virou a nova Gisele. Não quero dar spoiler, mas fiquei especialmente incomodada com algo muito importante que simplesmente FOI ESQUECIDO NO CHURRASCO.....................

Enfim, apesar dos pesares, A Modelo do Ano é um livro delicioso, que você consegue devorar rapidamente porque os personagens são extremamente cativantes e excêntricos e a história em si é envolvente. Você vai rir, se estressar, ficar tensa e desejar desfilar as mais novas coleções da semana de moda da Itália pra ir na padaria da esquina.

PS: Será que em 2017 conseguimos atualizar o blog com frequência? #batuquemos

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